
O futebol sul-americano foi mais uma vez manchado por um caso de racismo. O atacante Luighi, de 18 anos, joia da base do Palmeiras, foi alvo de insultos racistas durante a partida contra o Cerro Porteño pela Copa Libertadores Sub-20, disputada no Paraguai. O jovem atleta denunciou o ocorrido ainda em campo, demonstrando grande abalo emocional ao ser substituído.
O Caso
Durante a partida, torcedores do time adversário fizeram gestos e sons imitativos de macaco, direcionados a Luighi e outros jogadores do Palmeiras. Visivelmente abalado, o atacante comunicou o episódio ao árbitro, que optou por dar sequência ao jogo sem interrompêlo.
Ao sair de campo, Luighi chorou no banco de reservas e, após o jogo, expressou sua revolta ao ser questionado pela imprensa:
“Não, não. É sério isso? Não vão me perguntar sobre o ato de racismo que ocorreu hoje comigo? De verdade? Até quando vamos passar por isso? Diga-me, até quando? O que me fizeram é um crime, não vão perguntar sobre isso?”
Nas redes sociais, o jogador reforçou sua indignação:
“Dói na alma. E é a mesma dor que todos os negros sentiram ao longo da história, porque as coisas evoluem, mas nunca são 100% resolvidas. O episódio de hoje deixa cicatrizes e precisa ser visto pelo que realmente é: um crime. Até quando? Essa é a pergunta que espero não precisar fazer em algum momento. Por enquanto, continuamos lutando.”
VEJA NO VÍDEO ABAIXO:
A Repercussão e Apoio
Diversos jogadores e personalidades do futebol manifestaram solidariedade a Luighi. O atacante do Real Madrid, Vinícius Júnior, que também sofreu racismo na Espanha, cobrou uma posição da CONMEBOL com a mensagem: “Até quando, Conmebol?”
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) repudiou o caso e afirmou que vai apresentar uma representação formal à CONMEBOL exigindo sanções rigorosas aos responsáveis. “É chocante ver cenas como essas. Racismo é crime e deve ser combatido por todos. Sei o quanto dói o que Luighi sofreu. Chega de racistas no futebol”, declarou Ednaldo Rodrigues, presidente da entidade.
O Que Diz a Lei Brasileira?
O racismo é um crime inafiançável e imprescritível no Brasil, conforme o artigo 5º, inciso XLII da Constituição Federal. Além disso, a Lei 7.716/1989 prevê penas que variam de dois a cinco anos de reclusão para atos de discriminação racial.
Em 2023, a Lei 14.532 foi sancionada para endurecer a legislação contra o racismo, equiparando a injúria racial ao crime de racismo. Dessa forma, qualquer ato ofensivo motivado pela cor ou origem da vítima é tratado como crime imprescritível e pode resultar em penas severas.
O episódio envolvendo Luighi reforça a necessidade de medidas mais rigorosas contra o racismo no futebol. Apesar dos avanços nas legislações, a impunidade ainda persiste em muitos casos.
A pressão sobre a CONMEBOL para tomar providências é grande, mas resta saber se as ações sairão do papel. Enquanto isso, Luighi e tantos outros atletas seguem resistindo e denunciando, esperando que um dia a pergunta “Até quando?” não precise mais ser feita.