
Um levantamento realizado pela Controladoria Geral da União (CGU) revelou indícios de fraude no sistema educacional do município de Paquetá, no Piauí, localizado a 307 km de Teresina. O relatório aponta que, em 2022, quase metade da população da cidade — que conta com apenas 3.813 habitantes, segundo o Censo — estava matriculada na Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O dado chamou a atenção por posicionar Paquetá como o município com o maior número de matrículas na EJA em todo o Brasil. Entre os nomes listados estavam pessoas falecidas e cidadãos sem vínculo com as instituições de ensino. Entre os casos identificados, constavam Luiz Reis dos Santos, falecido em 2017, e Valdeci Roque Cruz, que morreu em 2018. Apesar dos óbitos, ambos permaneciam registrados como estudantes em 2022 e 2023. A filha de Valdeci, professora na escola mencionada, declarou que o nome do pai foi removido do censo após sua morte, embora a CGU aponte que o município continuou recebendo repasses federais em nome dele.
Além disso, o relatório identificou casos inusitados, como o de um aluno preso em Rondônia que constava como matriculado em Paquetá e de um casal residente em Goiás — um sargento aposentado e sua esposa — incluídos indevidamente nas listas de alunos.
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Em 2022, as prefeituras receberam, em média, R$ 5 mil por matrícula na EJA. Esse esquema de fraudes compromete a destinação de recursos destinados à educação, prejudicando as políticas públicas do setor.
Questionado sobre as irregularidades, o prefeito de Paquetá, Clayton Barros (PP), que integra o mesmo grupo político do ex-prefeito e atual deputado estadual Thales Coelho, não se manifestou diretamente. O assessor jurídico da prefeitura, Daniel Leonardo, alegou que todos os alunos inscritos frequentam as aulas regularmente e informou que a lista de presença foi encaminhada ao Ministério Público para análise.
Por meio de nota, a prefeitura afirmou que os registros de pessoas falecidas foram removidos em 2020, mas que, devido a um erro no sistema, os nomes acabaram permanecendo. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) teria sido notificado, e as correções foram feitas posteriormente.
O deputado estadual Thales Coelho, por sua vez, declarou que, durante sua gestão como prefeito, não foi informado sobre qualquer irregularidade nas matrículas da EJA.
A equipe do programa Fantástico percorreu três estados do Nordeste para investigar o caso e identificar os maiores prejudicados por esse esquema que desvia recursos essenciais da educação.
Com informações do G1/Fantástico*