
Circulou muito nos veículos de comunicação, redes sociais e grupos de WhatsApp uma foto com possível composição de chapa da oposição no Piauí para 2026. No retrato aparecem a ex-vice-governadora e atual diretora de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, Margarete Coelho; o ex-prefeito de Floriano e atual presidente estadual do Progressistas, Joel Rodrigues e o senador Ciro Nogueira.
O registro foi feito durante o Zé Pereira de José de Freitas onde dizem que Ciro teria levado Margarete ao carnaval para fazer um teste político de sua imagem, saber se ela seria bem recepcionada, se o povo ainda lembra dela, que agora está em um cargo federal, um pouco distante do Piauí. Na possível chapa: Ciro tenta a reeleição, Joel seria seu primeiro suplente e Margarete disputaria o Governo do Estado contra Rafael Fonteles (PT).
Agora a análise aprofundada da foto. A fotografia, essa ferramenta de comunicação de massa de uma sociedade onde as redes sociais são, inclusive pautadas pela publicação incessante deste formato e, mais especificamente, a fotografia política, possui o interesse de transmitir mensagens, emoções e narrativas.
De modo que, ainda que inocentemente, ingenuamente, de caso não pensado, empunhar armas e publicar nas redes sociais, mesmo que num pano de fundo de festa no interior, numa barraca de tiros, o quadro em si remete muito às clássicas fotos do ex-presidente Bolsonaro que, quando não as empunhava, fazia arminhas com as mãos e dedos, acenando, claro, para um público conservador, reacionário e armamentista. Até aí, tudo bem. Político vive de acenar para segmentos.
No caso de Bolsonaro, tem o fato de que ele, por exemplo, não conseguiu resolver o problema da Segurança Pública no Brasil. Ele foi eleito em cima desse discurso e com muita expectativa da população a respeito. Até aí tudo bem, eleição e o resultado das urnas costumam consertar quebras de expectativas. Mas vamos lá.
Em 2022, o Piauí deu 76% de votos ao presidente Lula, enquanto Bolsonaro, que é do grupo político ligado a Ciro e Margarete, teve apenas 23% dos votos. Em números absolutos, Lula teve 1.545.881 votos no estado, contra 406.897 para Bolsonaro. Ou seja, Lula teve mais que o triplo de votos. No Piauí, Lula teve o melhor desempenho de votos do que nos outros Estados brasileiros.
Em 20224, já é consenso pelos analistas e jornalistas políticos que o radicalismo e discursos acalorados não tiveram força entre a população nas eleições municipais. O povo tem sido pragmático, apostando em quem proponha resoluções práticas e rápidas para os desafios urbanos e das cidades. Partidos e políticos com discursos mais alinhados ao Centro saíram vencedores no pleito municipal. A união e reconstrução foram palavras de ordem nos maiores municípios, contra discursos divisionistas.
Além disso, Bolsonaro sofre o desgaste do tempo, da inelegibilidade, da denúncia feita pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal e a uma indecisão quanto a quem herdará seu espólio político, que é forte, caso ele não dispute e alguém saia candidato em seu lugar para a presidência do país em 2026. De modo que fazer uso de sua imagem, de seus jargões e trejeitos no Piauí ainda pode ser arriscado. O prefeito Silvio Mendes, por exemplo, foi eleito, mas manteve-se distante da imagem de Bolsonaro e do próprio Ciro Nogueira em 2024.
Fica a dica.