
Mãe Márcia Marçal, ialorixá de Candomblé no Rio de Janeiro, levou nesta segunda-feira, 21 de abril, ao seu perfil no Instagram um caso de intolerância religiosa sofrido por uma neta de santo sua, identificada como Tainá, que está internada no Hospital Universitário Gaffré e Guinle e que teve seus fios de conta jogados no lixo.
Explicando de maneira geral, fios de conta são espécies de colares de proteção e consagrados aos orixás dos candomblé ou às entidades de Umbanda, portanto, carregam, a força, energia e o axé daquela divindade, sendo uma peça de uso individual em que só a pessoa ou o orixá ou a mãe de santo podem tocar.
“Ela está com câncer de mama, foi fazer procedimento no hospital, onde ficou internada porque o câncer, infelizmente, está dando metástase e ficou internada, ela é iniciada há muito tempo, ela é de Oxumarê e foi com os fios de conta dela, de Oxumarê, de Oxum, tirou os fios do pescoço, colocou em um lugarzinho lá quietinho e foi banhar, quando ela voltou, tinham jogado os fios fora. Alguém que estava lá com ela, a enfermeira, não sei quem, uma enfermeira, ficava o tempo todo dizendo pra ela coisas como: só Jesus salva, essas coisas que o povo costuma dizer pra quem não é da mesma religião deles, que só o Deus deles salva, o nosso pra eles não salva, mas não salva eles, porque não pertencem a nossa religião, mas nos salvam, porque nós somos candomblecistas e temos nossos deuses pra correr por nós, pra lutar por nós, pra nos salvar, nós temos Olodumare, temos todos os deuses que precisar, temos Obaluaiê, que é o senhor da cura, não precisamos dos deuses deles, portanto, respeitamos, não vamos nunca jogar a bíblia de ninguém fora, então ela não tinha esse direito dentro do hospital, pois a menina estava lá para se tratar de uma doença com a sua fé, com a sua crença, com a sua devoção, pegar e jogar no lixo, jogar fora, sem a permissão do paciente ou da família do paciente, isso é intolerância religiosa sim, isso é uma agressão, isso é um abuso, é uma falta de respeito, assim como aconteceu com a Tainá, minha filha, pode acontecer com qualquer pessoa”, disse.
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